Apaixonado? Como assim?

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Você já se apaixonou? Aliás, você sabe mesmo o que é estar apaixonado? Dependendo de sua idade ou das circunstâncias de sua vida pode até ser que nunca tenha vivenciado de fato o estado de paixão.

Há quem diga que amor e paixão são a mesma coisa. Eu sou da corrente que defende haver diferença entre amor e paixão. Como é possível que um ser humano se apegue a outro de forma tão intensa? Francamente acho isso muito doido e encantador ao mesmo tempo. A ciência explica que a paixão é um fenômeno químico. Nosso cérebro é recompensado com altas doses de dopamina _ que alavanca o desejo sexual_ sempre que tem algum tipo de contato com o ser amado. É por isso que basta ver de longe, sentir o perfume ou só ouvir a voz para sentir aquele gostoso frio na barriga. Serotonina, ocitocina e vasopressina entram em ação fazendo a gente ficar com aquela cara de bobo diante daquele sorriso. O mais legal? O sorriso nem precisa ser mesmo encantador. Basta que seja PARA VOCÊ. Ou seja, a paixão definitivamente não é unânime. A natureza não é incrível?!

Ao longo da vida conheci pessoas de ambos os sexos que viviam se apaixonando. Sempre olhei com certa desconfiança esse tipo de gente. Desde a adolescência me faço perguntas do tipo _Como? _De novo? _Mas por quê?? Na tentativa de entender um processo repetitivo que para mim é praticamente inexistente. Só fui conhecer a paixão na fase adulta e arrisco dizer que uma única vez até aqui. Quando me refiro à paixão, quero dizer o que entendo ser um tipo transe emocional que simplesmente te faz dependente de toda e qualquer atenção que venha do objeto de desejo. Um tipo de sentimento que te dá uma sensação única de poder e a coragem para fazer as coisas mais bobas, ousadas ou absurdas para estar ao lado de quem você quer. Tive a sorte de viver isso de forma compartilhada, ou seja, ao mesmo tempo. O resultado foi uma experiência explosiva que quando acabou, me deixou exausta e meio chamuscada. Acho que foi o período mais louco que eu já vivi e gosto de saber que já tive o privilégio de conhecer a paixão em seu estado mais puro: o de loucura.

A paixão para mim é algo tão raro e especial que sofro do sentimento de fraude. Acredite: quando alguém que mal me conhece diz estar apaixonado por mim, eu quase não acredito e imediatamente começo a pensar que mais cedo ou mais tarde ele vai descobrir que eu sou uma espécie de fraude… Que a perfeição que ele enxerga sai no banho, que tenho defeitos irremediáveis e que a descoberta o fará a pessoa mais decepcionada do mundo. Preciso lutar comigo mesma para aceitar que o sentimento é dele e o problema também. Passado esse momento Ana de ser, o que vem a seguir depende da sorte.

Já o amor… Esse eu experimentei algumas vezes. É aqui que entra minha crença de que existe sim diferença entre amor e paixão. Paixão para mim é essa coisa doida, sem controle e até cansativa. Não há razões óbvias para a paixão e mais: é possível se apaixonar por alguém que não faz o menor sentido no fim das contas. O amor me parece ser mais pautado em escolhas conscientes. Você conhece alguém que julga simpático (a), gosta do jeito como sorri, admira a trajetória, respeita as opiniões e finalmente gosta do beijo e do jeito como ele (ela) te abraça… não necessariamente nesta ordem. O amor leva dias. O amor é paciente, aceita melhor as falhas, respeita o tempo imposto. O amor precisa de papo, de risadas, histórias trocadas, dramas compartilhados. Quando você se dá conta, está oferendo soluções. Quando o amor acontece, o “Eu te amo” demora mais pra ser dito, por incrível que pareça.

Mas voltando às paixões, por que afinal de contas algumas pessoas se apaixonam mais do que outras? A resposta da ciência diz que essa gente mais durona seria na verdade dotada de maior inteligência emocional e por essa razão teriam um comportamento mais analítico. Ao conhecer um (a) candidato (a) em potencial, esse povo coração-de-pedra analisa os prós e contras, demora mais para se abrir e confia demais em experiências anteriores. Além disso, a solidão muitas vezes é uma escolha consciente de quem não se entrega facilmente naquela vibe do “antes só do que mal acompanhando”.

Paixão acaba? Nem sempre. Com alguma sorte aquela deliciosa tensão inicial, que segundo estudos costuma durar algo entre 18 e 30 meses, se transforma lentamente em um sentimento mais profundo e duradouro já que o tempo se encarregou de transformar em laços o que inicialmente era um emaranhado de desejos.

Se o fogo era de palha, ainda assim não é motivo para tristeza. Passado o período de cura, normalmente o que ficam são recordações de um período da nossa vida em que nos rendemos aos sentimentos e desejos sem questionamentos e a forma mais positiva de olhar para estas histórias é pensar que perder o juízo desta maneira equilibra nossa eterna necessidade de controle. É o universo te provando uma ou outra vez na vida que você não controla coisa alguma, por isso… viva!

 

 

 

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